segunda-feira, 11 de maio de 2020

Batida do coração

 

Fazes-me bater o coração com serenidade.

És a calma, a ternura.

Fazes-me bater o coração com tranquilidade.

Ao teu lado estou bem.

Não há depressão nem ansiedade.

Vivemos num presente perfeito.


Até ao nascer do sol

 

Quando o sol se põe até que o sol nasce, trabalhamos.

Parecemos novos escravos de tempos que pensamos distantes.

Tempos dos nossos avós e avôs, pais e mães.

Tempos de uma ditadura que ainda se encontra presente.

 

O chicote para com o trabalhador.

Trabalha meu menino, se não fores escravo outro será por ti.

Depois ficas sem dinheiro, sem vida.

Tens de te escravizar.

 

É isto que os arautos da nação santificados pela nossa fé querem.

Novos escravos.


Vigília Noturna

 

Na solidão da noite

Estando sozinhos

Escutamos, vemos e asseguramos pessoas e bens

 

Numa ronda solitária

O chefe vem de chicote

Chicoteia-nos e nós parecemos estátuas.

 

É a arma dele, qual caçadeira de dois canos pronta a disparar.

Se adormeces, não recebes.

 

Se adormeces, não recebes.

Chicoteia-nos sem parar.

 

Não temos tempo para respirar.

A ansiedade de falhar rouba-nos a quietude.

No fim a culpa é nossa.

Não soubemos lidar com a situação.